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domingo, 22 de janeiro de 2012

Seja o que Deus quiser.


Como se começa a escrever se por dentro o oco de vaidade perfura? Como escrever e continuar a escrever se meu choro continua inócuo e, baixinho, continuo a… Eu não sei o que eu sinto.
É insuportável falhar, mas quando se falha depois de suar tentando é constrangedor. É fraco. Eu… Eu não sei o que eu sinto. Sei que sinto, e já que sinto, tenho de escrever. Meu escape, minha vitória. Minhas letras. 
Como traduzir em letras todo o esforço jogado fora? Gritar! Eu grito alto, ardente, com dor, por pólvora. Uma explosão de adjetivos não seria necessário. Quero uma explosão de úlceras!
O grande abalo sísmico que percorre minhas artérias é construído de desgaste físico, o abalo sísmico de minha personalidade, no entanto, perpassa todos os tipos de estafa - sem exceção.
E em plena quietude cantarei, quem sabe um dia ou noite, minha vitória por sobre todas as injustiças e apatia humanas.  E poderei dizer com dedos cruzados que perdoo a dívida externa dos outros, e após descruzar os dedos eu talvez esqueça de fato as coisas que perpassei com medo, talvez não.
E enquanto isso, carrego milhões de gotas de chuva dentro do peito. Talvez eu chova amanhã. Mas a vida é tão incerta. Quero dizer com isso que essas letras representam um desabafo. Quero dizer com isso que quero partilhar a minha dor, mas não há no mundo quem a suporte como eu faço.
E quero dizer com isso que estou preocupada. Estou, acima do ócio, preparada com o clichê: Seja o que Deus quiser!
CLARISSA DAMASCENO MELO

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