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domingo, 22 de janeiro de 2012

Amai-vos pois.



Quantas vezes você olhou para um céu cinzento e pensou em desistir? Por quantos dias você conseguiu manter-se oco por dentro? Por quantas vezes você falou demais quando, na verdade, nada era para ser dito? Por quantos motivos você acabou-se em lágrimas sem motivo nenhum? Já olhou para alguém que não seja você hoje? Não no modo literal do verbo, mas olhar por inteiro, para todos os lados, e para dentro…
Eu sei como é difícil perceber certas coisas quando, em nossa infinitude, somos tristes. Ou fingimos ser quem aspiramos ser. Ser, no sentido complexo da palavra. Viver é mais difícil. É por isso que vivemos, ou morremos. Não se precisa estar vivo para morrer, nem morto para viver. Há vários tipos de morte: a pior é quando se morre e continua respirando. É quando se morre e continua vivendo sem perceber. O jeito mais fácil é morrer para sempre, é por isso que não existe morte. Só se deixa de respirar, mas isso não quer dizer morrer. Há morte para quem acredita que há, assim como há anjos que só aparecem para quem neles acredita.
Nós temos a mania de criar situações e pessoas, não satisfeitos, ainda choramos quando descobrimos que a nossa verdade inventada sempre foi uma mentira desumana. A irrealidade te deixará feliz e depois te abandonará. Nós criamos nossa própria infelicidade e questionamos nosso Deus por isso. Pobre Deus, que está no céu. Ouve-nos reclamar o tempo todo e ouve-nos a questioná-lo a todo momento, sem, no entanto, nos dar conta que somos nós quem cavamos nossas sepulturas adjacentes a uma morte que inexiste. Difícil não é? Não.
Pare um minuto e seja Deus. Permita-se viver. Tenha paciência de sorrir, mesmo que seja um sorriso amarelo, sem significância. Aqueles sorrisos tortos… Comece por eles. Evolua, sinta o vento, a música, a dança. Sinta a você mesmo e a todo o resto. Mas lembre-se: amai-vos e contei-vos.
CLARISSA DAMASCENO MELO

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