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sábado, 21 de janeiro de 2012

O gato



E nasceu lá pelo fim do mundo, perto do lugar mais distante que se conhece, um gato de olhos saltados. De pêlos colados, o gato mal miava. Procurava pelo peito materno quase que de forma humana. A mãe o alimentou enquanto pôde, quando não pôde mais e deu por si, seu filho estava longe, dentro de uma caixa de papelão, indo para outro lar.
E o lar não era quente quanto a barriga de sua mãe e o gato não gostou de estar lá. E por não gostar, tornou-se mal. Mas, que ironia! Gatos são tão humanos… E por ser mau, o gato foi levado para outra casa.
E ficou assim, de casa em casa. Ninguém o queria por perto. Por que, como eu disse, esse era um gato que não possuía mal algum, mas tornou-se mal. Tornou-se. E quando se torna se passa a ser. E eu amo gatos!
E tentaram fazer dele um gato bom. Só que de maneiras tortas. Em uma dessas casas, seus donos o deram uma surra de cinto. Em outra casa, o bateram de vassoura. Já em outra, o jogaram debaixo da água fria que caía da pia do banheiro.
Tentaram mudá-lo de todos os jeitos imagináveis. E mesmo que eu passe horas a fio tentando me lembrar todos esses meios, jamais falarei metade deles. 
Ele mudou de dono diversas e inúmeras vezes. O deram pancadas e até alguns mimos. Deram tudo isso quando, na verdade, o gato mal só precisava de um pouco do mais puro e verdadeiro amor. O gato só precisava de… amor.
CLARISSA DAMASCENO MELO
2011

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