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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Gatos

Já ouvi muita gente dizer que os detesta. Eu não, só pra contrariar, eu os amo e os tenho aos montes. Já devo ter escrito algo sobre meus gatos. Meus.
Gosto deles por sua postura de ser. Por seus pelos que me fazem mal. Pelos olhos saltados e inteligentes. Gatos não são nós. Gatos precisam de amor e não imploram por isso.
Talvez eu seja mesmo fascinada por felinos por esse motivo: não suporto implorar amor. Queria ser como eles.
Mas há coisas - pontos - que nós somos extremamente iguais, talvez por convivência, por toque mesmo.
Somos valentes e dóceis ao mesmo tempo. Quando somos mal tratados, nos afastamos com medo. E esbravejamo-nos ao simples toque de quem não estamos habituados. As semelhanças entre eu e gatos são assustadoras.
Sabemos amar na medida certa. E odiar de maneira exacerbada.
Há partes de mim que são alegres. Extremamente alegres. Há outras partes, porém, que imploram por autodestruição. Enigmas de uma canceriana em apuros. Ou de uma criança mimada. Ou de uma criança que foi esquecida. Ainda tem isso: Gatos são abandonados com facilidade. Envelhecem cedo e seu pê-lo estraga por falta de cuidado.
Eu sou assim. Estranhamente assim. Como um gato.

CLARISSA DAMASCENO MELO
2012

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