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sábado, 8 de dezembro de 2012

Sobre uma resposta.

Perguntaram-me: Por que escreves?! Pensa em salvar o mundo com palavras?!
No entanto, não respondi. Não havia resposta.
Qual o porque de eu continuar a escrever, dia após dia?
Não sei. Que há para saber?
Não vou perder a mim entendendo uma pergunta, nem tentando achar algum tipo de resposta. Essa é uma pergunta que não existe, e é cíclica. Se eu penso em salvar o mundo?
Não. Porque eu o salvaria?
Para viver nele depois? Talvez. Mas o salvar o mundo é salvar a si. Vou salvar a mim, então.
E que cada um salve a si. O mundo não estaria salvo dessa maneira?
Responde criatura!
Ou que responda o Criador.
Se foi o ovo ou a galinha que Ele fez primeiro, pouco importa. Essa desimportância é deliciosa porque essa palavra também não existe. E se existisse, ainda haveriam pessoas com fome, a estender a mão farpada de fome. E quantas pessoas lhe estendem a mão assim de graça?
Vê meu paradoxo?
Então, como poderia eu dizer porque escrevo?
Achar a resposta não é achar a saída. Então, prefiro dizer que escrevo somente para passar o tempo. Enganar, sabe, o tempo. Enquanto ele passa em linha reta por sobre nós, cortando-nos.
E é esse tempo que essa pessoa perdeu ao perguntar-me porque labuto. Eis que, nessa hora, uma moça engravidada passava pela rua, levando consigo a marmita que conseguira da casa ao lado.
Essa moça dizia a resposta, e ninguém notou.

CLARISSA DAMASCENO MELO


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