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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Lá fora.

Murmuro
Orações mudas,
Emudecidas.

Lá fora, no cais,
Alguém morre de fome.
E eu não consigo ver.

Lá fora, no concreto,
Uma flor tenta nascer,
Mas não nasce.
E eu não consigo ver.

O mundo acontece lá fora,
E eu aconteço por dentro,
E ninguém vê.

Não são os olhos que estão
Fechados.

Nem são as custosas
Vidas de madame quem matam.

São as pessoas,
Taciturnas,
Mudas,
Emudecidas.

As pessoas matam pessoas,
E ninguém reparou
Que o mundo parou sem reparo.

Vamos descer?
Ir lá fora,
Ver a flor no concreto crescer?

Ou lá fora iremos
Ver uma pessoa
De fome morrer?

O medo paralisa,
E ninguém vê.

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