Pedem-me para contar minha História,
Encontrar meus medos,
Resumir meus anos,
Expor minhas fraturas,
Desnudar, o que já são
Incontáveis ataduras.
Pedem-me para justificar meus dedos moles,
Meu excesso de verbo
De adjetivo
De rendas
E coisa e tal.
Pedem-me para contar nomes,
Dizer quão longa é minha História.
Querem que eu divida meus méritos.
Meus calos,
Minhas loucuras e
Meus homens.
O que desentendem
É que eu não vou pisar nesse chão de areia
De concreto,
De mármore.
Não vou edificar meu passado,
Ou o presente,
Ou o futuro.
Isso é arquitetura de gente com juízo.
Eu não o tenho.
A História é nossa,
O caminho é nosso.
Mas, o que ficar entre as duas linhas,
É meu.
CLARISSA DAMASCENO MELO
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