Se a massificação sobre o concreto persistir,
Vou parar de respirar.
Há poeira,
E sombras de prédios que chegam aos Céus.
Oh, Céus, o concreto chegou aí!
O cimento é cinza e descolore minha cidade.
Sou um robô.
Eu sou cinza, feita de aço.
Em minha cabeça, eles colocam o que querem.
Uma fórmula de Engenharia Civil.
Oh, Céus!
Os prédios de carbono chegaram aí!
E as bombas, as bombas...
Elas vão chegar também..
Vão explodir em três mil
Serão pedaços de fórmula
De Engenharia Civil.
Eu vejo concreto em meu rosto
E uma fila de carros,
Uma fila de metrôs,
Uma fila de gente atrasada.
Estão todos atrasados,
E correm.
Eles querem carros,
Eles querem química,
Mas esquecem a química do corpo,
A química do beijo, do cheiro,
A química da morte.
Esquecem que morrem,
E já vivem mortos.
A cidade está cinza,
E cresce verticalmente.
O céu é o limite dos pequenos endividados.
O latifúndio cresce
E crescemos junto com este pecado.
Oh, cinzas de rosas,
Por que insistem em voar?
E se voam, porque não voltam..
Não querem voltar?
Eu as entendo, rosas.
Entendo que o mundo é pequeno
E querem-no grande, coberto com Cal.
E crescem pra cima, por cima de nós.
Mas serei a flor nascida do concreto ainda verde.
E terei pouco tempo de vida.
CLARISSA DAMASCENO MELO
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