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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Amor e tempo.


Eu acredito no amor. Acredito em uma manhã que nasce sem pressa, sem falta, e irradia a luz do Sol depois da escuridão noturna, um copo de leite quente que esquente um peito frio, uma colher de sopa para um mendigo com fome, um quadro de cor para uma vida acinzentada, um afago em uma alma doente...
Disseram-me que as pessoas mentem, mas eu prefiro acreditar que elas gostam de escrever estórias usando a língua, a voz. Se existem duas realidades, por que, então, não deixá-las coexistindo? O mundo é triste demais para ser desacreditado, a vida anda supracitada, espremida entre prédios, e estamos entre os prédios, dentro dos carros.
As vidas andam ossudas, um pouco sem importância, um pouco de importância demais. E se me perguntam que horas são, eu costumo responder: o tempo não existe. E não existe. Existem números enfiados em uma coisa redonda com dois ponteiros que giram, giram, giram. Chamam isso de tempo, eu chamo de coisa. É coisa que mede o que não existe.
A vida é tão ossuda que puseram essa coisa no pulso e são controlados por ela. Também pudera: não há nada mais interessante que algo que controle tudo. Os atrasos são constantes, mas são feitos de propósito. Não há porque se atrasar se eu posso cozinhar em três minutos, lavar a roupa em sete, escovar os dentes em um. O atraso é descaração.
Eu acredito no amor. E só desacreditam nele por que ele está perdido entre os prédios, entre os carros, entre as empresas e os grandes negócios. Esconde-se em uma caixa tecnológica, está enterrado no extinto parque, abaixo do cimento. E ninguém tem tempo para achá-lo.

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