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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Fins de tarde

Fins de tarde
Têm cor escurecida,
Amarelada,
Feito os dentes de teu sorriso.

Não tens meiguice,
E nem careces dela.
Mas sorrir,
Sorrir você não sabe.

Por quê?

Alguém comeu teu sorriso
No final da tarde.
Ou é o fim da tarde
Que lhe põe a pensar.

Pensar faz doer
E bagunça tudo.

Essa obstrução de caminho
Bifurca nossos nós.
Nós não nos sabemos ser.
E você não sabe segurar minha mão.

Não sabes ou não queres?

O abraço atrofiado
Encavernou meu rosto
E eu emudeci.

Sua fome e sua cede
Cheiravam a animal.

Talvez tu fosses o animal
De olhos fechados.
Ou fosses apenas os olhos
Que não sabiam abrir.

Não sabiam ou não queriam?

Se for agarrar minha mão,
Cuide de meus dedos,
De minhas unhas,
Dos meus braços.

Eu careço de estar entre mãos,
Por que eu mesma não sei segurar
As curvas de meu caminho.

No final da tarde,
Acertaremos nossas contas.

CLARISSA DAMASCENO MELO





Um comentário:

  1. Oi, Clarissa, tentei entrar em contato por outro meio, mas não consegui. Vi sua mensagem e gostaria sim, de saber mais sobre o assunto.

    Um abraço!

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