Num
pedaço de concreto,
Deságuo
meus nós,
Meus
embaraços,
Minha
timidez.
O
carbono faz
Com
que minha pele queime,
Com
que meus dentes
Desistam
de mastigar.
Minha
boca quer comida mastigada.
Eu
mastigo o vento
E
a poeira cinzenta
Que
voa por ele.
Eu
respiro coisas que matam.
Adeus,
mundo verde!
Estamos
na Era do Metrô.
Metrô
eu,
Metrô
você,
Metrô
de gente cinza.
Carbonizaram
a paisagem.
Adoram
açúcar,
O
doce eletrônico.
Enchem-se
de açúcar industrial
Usam
fantasia de cetim no Carnaval.
Adoçam
o café,
Os
refrigerantes,
Os
sucos em pó...
Esquece-se
de adoçar a vida.
A
vida segue supracitada.
Viver
requer barro,
Água,
Sal.
Não
há verde no quintal.
Eu
quero mais,
Eu
quero mais
Poeira.
Alô,
alô, vida nova!
Vida
nossa,
Salgada
com lágrimas que secam.
O
rio ficou seco,
O
povo ficou seco,
A
lágrima secou
E
não lavou nenhuma alma.
Oh!
E
eu que pensei ser o fim,
Que
pensei ver o mundo se destruir,
Eu
que pensei nas águas
Desaguadas
pelos olhos,
Olhos
claros do mar...
Pensei
que juntar todos os choros,
De
crianças famintas,
De
mulheres doídas,
De
homens em trapos,
De
doentes mentais...
Pensei
que juntar
Todas
as dores,
N’um
pacote plástico
E
amarrar com arame...
Fosse
criar um mar.
Não
cria?
Colocar
essa gente para chorar...
Talvez
se fosse um mar
Um
mar de coisa
Bota
essa gente na coisa,
Faz
essa gente nadar...
Joga
essa gente no mar,
Deixa
o mar levar
Deixa
o mar lavar
Deixa
o mar afogar.
Eis
uma saída:
Mergulhar
nas lágrimas.
CLARISSA
DAMASCENO MELO
Nenhum comentário:
Postar um comentário