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domingo, 28 de outubro de 2012

Das perguntas (sem respostas).

Aos juízes, pergunto:
- Quem são os responsáveis por teu julgamento?
Aos deuses, pergunto:
- Para quem tu corres quando sente dor?
Aos professores, pergunto:
- Quem vos ensina quando não sabes?
Aos leigos, pergunto:
- De quem reclamará ignorância?
Às Igrejas, pergunto:
- Quem vos sustentará sem teus dízimos?
Aos amantes, pergunto:
- O que será de vós que sois amor encarnado, quando não mais se encarnarem amor?
Aos alunos, pergunto:
- Quem és tu diante de um mestre sem voz?
Ao caos, pergunto:
- Qual bagunça fará tiro da agulha que se quebrou?
Pois vós que sois razão,
Por alma, sente e só,
Mas por medo, esquece o coração,
Que da carne,
Doce-azul, faz do sangue pó,
Do riso,
Persuasão.
Pergunto à ti, entre todas as perguntas,
Que se valem de fraquezas, de erros, de-no-ta-ção,
Vos pergunto agora, de alma calma, rara voz,
Olhos cerrados cujas córneas erguem-se em nós.
Entre os lampejos do céu, diga-me:
Que será de ti,
Quando descobrir,
Que as verdades nada são?

CLARISSA DAMASCENO MELO

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