Vou
me ser em fatias.
E fatias de mim jorrarão, em certa hora, do céu pra terra
feito chuva. E em meio aos devaneios doidos de mim para o chão, cairão também
os pedaços daquele que está enfiado em mim, sem porta de saída ou opção de
escolha. Choverá pedaços de coisa que não sabe ser.
E
quem dessa chuva tomar banho, verá sua alma emudecer-se em si, e depois brilhar
sem achar motivação. Pois brilho de dentro pra fora e ofusco o meu brilhar só
por sentir que brilhar é incerto, insolúvel e não possui locução.
Brilho
sozinha.
E a intransitividade desse verbo é quem faz dele menos merecedor de
atenção. Brilha-se só por leis gramaticais, mas levaram isso para a vida.
Triste fato que me sobrepõe e enlouquece.
Pois,
se brilhar é estar só, ponho-me aqui a dizer que quero ofuscar a mim, que reluz,
só pra ter, por entre meus próprios verbos, alguém que os conjugue e verbalize.
CLARISSA DAMASCENO MELO
Clarissa, tem noção do tanto de bonito que esse texto está? Em mim tem sido assim, exatamente assim. Adorei.
ResponderExcluirUm beijo.