Páginas

sábado, 9 de março de 2013

Nada chega.

Pois, se dizes, amigo, não acreditar; quem dera eu me fizesse diálogo e, embalsamada na eternidade, fizesse-lhe mudar, sem desenganar-te, aquilo que não mais lhe apetece. Não é, pois me credite, essa ruminação tosca de tudo que já engolistes, que te salvará, em lenta marcha, das tuas lembranças más. Se desacreditas em um passado vosso que lhe fez infeliz, e faz-se - tu próprio, um ser humano triste, creia, amigo, que ruminação nenhuma é o fim e nem o fim, uma ruminação.
Se mal engolistes, não ponhas para fora. Tua pieguice é tão disfarçada de sofrimento, que chego - eu mesma, que nada sou - a entediar-me com tuas labutas. Não. Tu não te faz de forte para enganar-me. Tu queres mesmo é terminar de engolir esse presságio do que és hoje somente para, acredite, no futuro, cuspir. É por isso que nada chega perto de ti.

CLARISSA DAMASCENO MELO

Nenhum comentário:

Postar um comentário