É que quando se escreve
muito, ri-ti-ma-da-men-te, os dedos começam a se cruzar. E surgem os pontos
finais, as vírgulas excessivas, os verbos intransitivos e as desavenças do ser.
Quando se escreve muito, esmiuçando a si próprio, escorre-se a gota açucarada.
É a vida se espremendo, parindo.
A parapsicologia não chega
ao cheiro do pé das letras. Pobres psicólogos que nos tentam entender! Não há
entendimento, e entender isso já é desentender-se consigo mesmo. Eu gosto do
dito pelo não dito. Vê? As coisas que te são diretas, chegam até você e voltam
em ato de reflexão. Gosto das coisas que refratam, que aderem, grudam no
interior de sua carne e continuam seu trajeto como se não houvesse coisa
alguma. Esse é o objetivo da vida: atravessar
pessoas.
E que cantem os verbos
indecisos, as grandíssimas locuções, as aparições. Pois sem esse cantar, o
universo explodiria em minúsculos pedaços. Partículas perdidas no próprio
universo, que está dentro de outro, esperando explodir. Que está dentro de um outro, e de outro, e de
outro... Feito caixas que não param de abrir-se e explodir-se.
E os momentos hiatos existem
para provar que somos feitos de pó e que não sabemos pensar. Depois que o verbo
se espreme, o fluxo sanguíneo dos dedos diminui, estes endurecem, e ficamos sem
escrever coisa alguma.
Esse é o objetivo da vida:
fazer, fazer, fazer... e depois parar.
CLARISSA DAMASCENO
MELO
MINHA FILHA!!!! QUE VERVE PARA UMA CRIATURAZINHA TÃO PEQUENA NOS ANOS DE EXISTÊNCIA....PARABÉNS....TEU CAMINHO JÁ ESTÁ MUITO BEM APLAINADO....SUCESSO É CONTIGO!!!
ResponderExcluirOh, Muito obrigada. De todo coração. =)
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