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sábado, 27 de abril de 2013
Moleque sujo.
Chovia.
A noite começara pelo canto de tua boca e escorregou, inerte, por ali, pelas beiradas. A noite era líquida, bebível e escura. Quantas horas se passaram desde que ela aprendera a beber a noite? Não fazia ideia. Não esperou que lhe chamassem para dormir, estava esquecida. No canto da boca, por onde a noite passara, umas poucas palavras escorregavam escapulentas. Junto às palavras, gotículas de olhos, salgadas, morrendo ali. Já não sabia se era a chuva curvulenta de seus neologismos próprios, ou se era a água salgada que escorria à noite, sempre à noite, quando ia se deitar e lembrava do passado.
Cuidado com o passado.
Ele é um moleque sujo
Que vem nos agarrar de vez em quando.
CLARISSA DAMASCENO MELO
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