Páginas

terça-feira, 26 de junho de 2012

Erro (meu)

Sei não. Essa de estrelas no céu, no mar, nos olhos... Estrelas que brilham, que piscam, que mudam de cor. Erro meu ter acreditado na pequena explosão para brilhar. Não é isso que dizem? A ciência... Ela não sabe de tudo? A teoria é fácil: Explode-se. Brilha-se. Bem simples. Mas, cadê?
Esperei explodir em pedacinhos para poder brilhar, criar espectros de luminosidade. Não na Terra. Mas, em um lugar maior, mais quente, embora vazio seja. Quis explodir, nervo a nervo, meu coração - pequeno e muxoxo. Para que serve o coração senão para brilhar? E, se ele não explodir, como é que vai brilhar? Entenda leitor, também quero escrever certo sobre as linhas, que são tortas.
Então, como uma mente que saltita em felicidade, expus à venda meu coração. Quem o quis? Assim mesmo, exposto ao relento da noite, e à cada orvalhada do amanhecer, ele ficou intacto, no aguardo de três, ao menos três moedas.
E quem - imaginei eu - negaria três moedas por um coração?
Não existe explosão sem dor. Não existe brilho sem explosão. Não existe explosão sem... sacrifício.
A minha revolta é a certeza dessa última linha. Pois bem. Pois mau. Eu perpassei todos os níveis de dor e náusea até o dia de minha explosão. O universo me deve o brilho que era prometido. Não estou conseguindo brilhar. BRI-LHAR!
Pois se o amor me foi roubado antes mesmo de ser consumido, litro a litro, goela à baixo; porque o brilho não brilhou?
Foi então, leitor, que eu descobri que a simbologia desse texto - de tão complexa, é capaz de se tornar anônima - sempre gritou agudo (de voz veluda, valente voz): O brilho não é para quem pode, é de quem quer.

Clarissa Damasceno Melo

Um comentário:

  1. Não expõe teu coração à venda, porque ele já brilha. Lindo texto, Clarissa.

    beijos

    ResponderExcluir