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sábado, 7 de julho de 2012

Eleições.

Semana passada pude assistir de camarote a um debate político. Duas mentes debatendo sobre a atual situação política em que estamos inseridos. Enquanto debatiam e jogavam, um contra o outro, argumentos selvagens sobre politicagem corrupta, roubos explícitos, impunidade... pude perceber que todos os argumentos disponíveis eram..., pasmem, clichês.
Se, até os nossos argumentos tornaram-se clichê, imagino eu, de boca aberta, o que se tornou nosso sistema político. Primeiro, você só decide se quer votar ou não quando tem 16, 17 ou mais de 70 anos. Nesse meio tempo, você é FORÇADO à exercer democracia. Democracia? Segundo, as opções de voto são sempre restritas. Quem são os candidatos? Ah... lembrei: aquele que na última eleição deixou bastante gente sem receber salário contra aquele que desviava dinheiro em seu último mandato. É aquela moça super gentil que não fez nada em seu governo. É aquele senhor, pai de não-sei-quem. E a lista, acreditem, é enorme, cheia de gente assim.
Sinceramente, não sei o que fazer com meu voto. Só me resta a tecla branca. Vai doer quando clicar nela, mas, antes ela do que uma verdinha com poder psicodélico. E, cá entre nós: que ninguém saiba do meu voto! Pelo menos isso: já temos privacidade. E, olha que interessante: ao menos um ponto fora do retrocesso. Será isso o começo de uma evolução? Aguardemos.
É ano de eleição. De voto. De escolha. E, como não deixaria de ser: de gritaria, competição, promessas. É chegado o momento em que somente uma escolha pode mudar o rumo dos ventos. E, enquanto carros de som competem em decibéis por uma vaga em nossos ouvidos, nossas cabeças estouram. Não basta os horários políticos da TV, é feita politicagem de forma desumana nas ruas. Posso garantir: candidato nenhum vence no volume do grito. É difícil demais entender isso?
Há, também, outra coisa que me tira a paciência: aquelas carinhas coloridas, estampadas no papelzinho, com um sorrisão (geralmente, eles sorriem. Se não nos ganham pela beleza, ganham pela simpatia). Em ano de eleição, costuma-se chover rostinhos sorridentes na rua. A poluição, portanto, torna-se generalizada: sonora, visual e mental.
E, cheguem mais perto! Aproxima-te mais pra saber mais uma verdadezinha que resolveu escapolir de mim: Em ano de eleição, se não houver cuidado, os hipócritas passam a ser nós. Verdade! Nós. Hipócritas. Os que reclamam demais. Os que veem defeitos demais. Mas, quantos dos que reclamam fazem realmente alguma coisa? Reclamar e não fazer, desculpem, é hipocrisia.
Não basta somente destampar o bico da boca. Não basta somente abrir os ouvidos e olhos. É preciso levantar o bumbum da cadeira, movimentar as pernas, requebrar o quadril. Não somente em ato de dança. Mas em ato de amor pelo lugar em que se vive. Porque, embora o mundo já esteja cheio de gente reclamona, é disso que ele menos precisa: uma legião de reclamões.




CLARISSA DAMASCENO MELO

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